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O Manifesto Surrealista braZileiro

O primeiro debate da eleição presidencial já aconteceu. E não foi entre candidatos à presidência. Gregório Duvivier e Ciro Gomes promoveram, na última semana, uma daquelas coisas que é difícil imaginar acontecendo em outro país fora o braZil.

Tudo começou com o Gregório Duvivier dedicando um episódio do Greg News ao Ciro Gomes. Em pouco mais de meia hora, o programa faz uma radiografia da carreira de Ciro, que começou no movimento estudantil no fim dos anos 70, engajado na luta pela redemocratização do país – isso quem disse foi o próprio Ciro na resposta (ou react) -, mas que teve seu início formal no PDS, sucedâneo da Arena, para não criar problemas para o pai, dito também pelo próprio Ciro. Depois vieram o MDB, o PSDB, o PPS e por aí vai. O roteiro do programa incluiu outros momentos, em que o Cirão esteve envolvido com as suas próprias coisas, fora da política ( ou não…), como o tempo que passou em Harvard e no Beach Park. Beach Park que, para refrescar a memória recente, foi palco de ações pró-bolsonaro no ano passado.

Ciro não gostou do que viu e respondeu pelo seu canal de lives, fazendo o tal do react, que é uma espécie de réplica, em que ele pontuou todas as questões levantadas pelo Greg News. A retórica do Ciro é invejável e a sua capacidade de persuassão é gigantesca. Ele explica tudo, desde os fatos mais controversos, com uma clareza que deixa pouca dúvidas que sempre foi um grande democrata. Mostra que até mesmo a sua passagem pelo PDS foi em nome da democracia, ainda que tenha sido no partido da ditadura durante a ditadura. Eu disse que o homem é bom de conversa. Quem duvida que pode ser convencida/o, veja a live, basta jogar no google.

Disso resultou o debate, que teve vez na sexta-feira passada, e foi uma das coisas mais absurdas que eu já vi no ambiente político brasileiro, tirando, é claro, as bizarrices bolsonaristas e a possibilidade de Eduardo Leite ter renunciado ao governo do estado para concorrer ao… governo do estado. Se aceitarmos que Ciro é um democrata genuíno, e o argumento para isso pode ser a sua participação no ministério do primeiro governo Lula, e que Gregório é um militante da esquerda democrática, e isso pode ser atestado nos episódios do Greg News, teremos necessariamente de concluir que os dois deveriam estar do mesmo lado no combate ao pior mal: o bolsonarismo, que, não custa dizer uma vez mais, é maior do que Bolsonaro. Mas não foi o que se viu. Entre elogios protocolares, inclusa a declaração de voto em Ciro no primeiro turno de 2018, Gregório atacou duramente o político, sugerindo, entre outras coisas, que ele se aproveitou da atividade pública para conseguir uma cargo na diretoria do Beach Park, o que se traduz por corrupção (ativa ou passiva, sei lá), e Ciro, que se disse várias vezes fã de Gregório, atacou duramente o humorista, dizendo, entre outras coisas, que ele produz fakenews encomendadas, o que se traduz por corrupção (passiva ou ativa, sei lá). No meio desse tiroteio, sobrou, claro, para Lula, cujos adjetivos usados por Ciro nem vou declinar, porque basta dizer que ao final do seu react ele trouxe vídeos antigos de Gregório em que ele chama Lula de “brother de empreiteira” e diz que a chapa Dilma/Temer deveria ser cassada pelo TST.

Se somarmos o tempo desses três vídeos, vai dar mais de 4 horas. Acrescendo os comentários gerados e as matérias produzidas na rede sobre o assunto, vamos constatar facilmente que Gregório e Ciro, Ciro e Gregório, fizeram o trabalho sujo semanal do bolsonarismo, que desta vez nem precisou queimar os neurônios (da equipe, por óbvio, porque sabemos que o próprio Bolsonaro não os têm) procurando assunto para as bombas de fumaça. E, pior do que isso, se procurarmos nessas 4 horas e tanto, vamos pescar aqui e ali algum ataquezinho inexpressivo e sem qualquer efeito a Bolsonaro, que deveria ser o alvo de todos e todas que se dizem democratas nesse braZil. Posso imaginar a famiglia reunida em frente à tela, dando gargalhadas com direito à pipoca, guaraná e leite condensado de sobremesa.

A história recente do Brasil mostra um candidato racista, homofóbico, misógino, virulento, apoiador da violência militar, fã de torturadores, sendo eleito presidente porque uma grande parcela do seu eleitorado dizia que ele não cumpriria as promessas de campanha, e, passados quatro anos de um (des)governo trágico, uma esquerda incapaz de se articular minimamente em nome de uma resistência necessária, e cada vez mais enrolada na produção de fatos e notícias contra si própria. Enquanto isso, aquele presidente, que pode ser acusado de tudo menos de estelionato eleitoral, já que cumpriu quase todo o programa, agrega ao seu currículo um mandato genocida, dito pela CPIzza, com 650 mil mortes ligadas diretamente ao negacionismo e à condução assassina da crise, avançando nas intenções de voto de uma população órfã de uma plataforma democrática confiável que possa abraçar.

Segundo algumas pessoas, inclusive Ciro Gomes, Lula criou Bolsonaro; segundo outras, inclusive Gregório Duvivier, Ciro coloca em risco a possibilidade de já na próxima eleição jogar Bolsonaro no esgoto da história. Enquanto essa guerra de narrativas se trava nas redes, e a guerra fratricida confunde o povo, a máquina bolsonarista vai passando, abrindo caminho para a boiada destruir o que ainda resta de um país cada vez mais braZil e menos Brasil, que bem poderia ser retratado em uma tela de Dalí ou num filme de Buñuel.

*Imagem de destaque copiada de: https://www.osaogoncalo.com.br/politica/86940/presidente-bolsonaro-provoca-witzel-apos-afastamento-do-governador. Acesso em: 25 de maio 2022.

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O H da História

Acervo do autor.

Quando George Orwell defendeu a ideia de que a história é escrita pelos vencedores, os tempos eram outros. Notícias demoravam dias, semanas ou até meses para chegar aos lugares mais distantes dos grandes centros. Pior do que isso, muitas vezes nem chegavam. E como os grandes conflitos sempre deixavam um povo ou comunidade aniquilado, de fato quem dizia a história eram aqueles que venciam as guerras. Assim se construíram, por exemplo, os heróis do panteão nacional. E depois de consolidada uma narrativa, desfazê-la é tarefa dificílima. No imaginário da Guerra dos Farrapos, mito fundador do gauchismo, Bento Gonçalves é o grande herói do povo. Sabe-se que isso é mera narrativa e que o caudilho não era exatamente o libertário que a historiografia registrou ao longo dos tempos. A própria história da guerra é contada de forma distorcida, já que na prática a cada 20 de setembro o Rio Grande comemora uma epopeia em que a sonhada pátria gaúcha foi derrotada. Isso mostra o poder das elites na propagação de mentiras tomadas como registros históricos fiéis.

Em tempos de informação circulando em tempo real, já não se justifica uma atitude passiva em face da escrita da história. Nós somos responsáveis pelos fatos e devemos também ser pelos seus registros. Neste ano da graça de 2022, estamos na iminência de um desses momentos decisivos para a humanidade. Aproxima-se a hora de decidir como a história do povo brasileiro será contada a partir dos próximos anos e décadas. Não podemos terceirizar a nossa responsabilidade. Vamos deixar que se saiam vencedores os neofascistas que tomaram o poder em 2018? Esses, que são responsáveis pela morte de milhares de pessoas, seja pela negação da crise sanitária e o boicote às medidas de segurança (máscaras, vacinas etc.), seja pelo massacre dos povos originários em nome da expansão do agronegócio, é que contarão a história aos nossos/as descendentes? Seremos covardes a tal ponto?

A candidatura Lula/Alckimin é uma dessas coisas estranhas que o jogo político nos impõe. Outrora inimigos ferrenhos, agora andam de braços dados. Tão apaixonados estão que o tucano arrependido não se furta nem mesmo de fazer piada com o apelido, dado pelo próprio Lula, se não me falha a memória. A solução para o Brasil é lula com chuchu, anda dizendo por aí o Geraldo. Parece uma piada de péssimo gosto, mas qual a alternativa? O Ciro Gomes, que começou a carreira política na esteira da Arena, tem sólidas vinculações com as oligarquias nordestinas e abandonou a luta depois do primeiro turno de 2018? Ou será que a redenção do povo virá pela “terceira via”, esta coalizão de forças conservadoras e até reacionárias, descontentes por terem sido excluídas do butim bolsonarista?

Sim, Alckmin é um representante das elites e deve muitas explicações sobre as políticas do seu antigo partido, a começar pelo escândalo das merendas escolares em São Paulo. Sim, é absolutamente questionável o pragmatismo petista ao se aliar com esse tipo de gente em nome da sustentação de uma campanha e posteriormente de um governo. Lula usa Alckimin para vencer a resistência do empresariado, mas sabemos que alianças dessa natureza podem trazer consequências terríveis. Se de certa maneira funcionou com José Alencar e Lula fez governos razoáveis ao lado do grande capitalista, somos testemunhas do que aconteceu no caso Temer. Tudo isso é fato, mas neste momento, em que temos de decidir como a história vai ser contada, nada parece ser pior do que manter essa tarefa nas mãos do bolsonarismo.

Bolsonaro e seus filhos sintetizam tudo o que pode ter de pior em termos de política e da perversidade do ser humano, que, no caso deles, sequer merecem ser assim chamados. O patriarca e os filhos nº 1, nº 2, nº 3… são seres abjetos, que despertam os piores sentimentos em quem guarda dentro de si algum resquício mínimo de humanidade. Eles não têm respeito por nada nem por ninguém, talvez nem mesmo por eles próprios. São racistas, homofóbicos, xenófobos, divertem-se com o sofrimento alheio, têm torturadores como ídolos. Mas, querem algo ainda pior? O bolsonarismo é muito maior do que os bolsonaros.

Em breve a família bolsonaro vai ser vomitada para o esgoto da história. Quando não forem mais necessários, Jair Messias e seus filhos depravados vão ser descartados como lixo inservível, do tipo que não se aproveita nem para adubo, mas, se não cumprirmos o nosso dever, as pessoas que comandam o sistema continuarão ditando as regras e escrevendo a história. Elas estão por aí o tempo todo e em todos os lugares, às vezes como eminências pardas, entidades etéreas que não se comprometem diretamente com o trabalho sujo, e outras como participantes ativos das plataformas políticas do bolsonarismo, mas que permanecem inatacáveis. Paulo Guedes nunca é incomodado pelo Jornal Nacional, que é o mesmo veículo que não noticia o número absurdo de generais e coronéis que ocupam cargos nos escalões superiores. Esses atuam livremente no (des)governo, mas há ainda os que trabalham nos bastidores. Quem são os financiadores das motociatas de campanha de Bolsonaro? Onde estão os que incendeiam as terras indígenas e dizimam as comunidades tradicionais em nome da expansão de lavouras de soja e de campos de pastagem? Qual o esconderijo dos donos das mineradoras que provocam desastres ambientais que matam centenas de pessoas e acabam com a vida de milhares de outras? Todos esses são os verdadeiros bolsonaristas, mais do que a própria família miliciana.

A história vai sendo escrita dia a dia e a máquina produtora de escândalos diversionistas segue funcionando a pleno vapor. Daniel Silveira já é folha de jornal que embrulha o peixe, como também já foram para o esquecimento o ex-ministro que dispara arma sem querer em aeroporto e aquele outro que queria usar a pandemia para passar a boiada. Algum bolsonarista dirá: “Mas o que o MITO tem a ver com isso? Ele até demitiu os ministros corruptos!” Não vou perder tempo com esse debate proposto pela esquizofrenia bolsonarista. A hora agora é de limpar as lentes propositalmente embaçadas por essas bombas de fumaça e juntar forças para dar um fim à marcha nazifascista do bolsonarismo.

Imagem copiada de: https://belemonline.com.br/tag/bolsonaro-doente-bolsobnaro-internado/. Acesso em: 10 de maio 2022. (editada pelo autor)

Vamos pensar, pois, em nós como aqueles/as que vão escrever os livros de história das próximas gerações. E vamos entender a grandeza da responsabilidade que temos diante de nós daqui até outubro. Lula não é a solução imediata para todos os problemas do braZil, muito menos na desagradável companhia de Alckmin. Mas se queremos pelo menos poder reclamar algo a partir do próximo 1º de janeiro, sem meias palavras, é nele que devemos votar. Mas não é só isso. Devemos eleger parlamentares que tenham comprometimento com os interesses do povo, porque, é bom lembrar, de nada adianta eleger um Executivo bom – ou menos ruim – e deixá-lo à própria sorte nas mãos de um congresso apodrecido como o que temos hoje.

Diante da encruzilhada que se apresenta na estrada, temos de decidir entre ganhar as ruas agora para começar a mudar as coisas ou homologar a plataforma genocida do bolsonarismo. E depois de vencida esta etapa, não vamos acreditar que tudo estará resolvido. Há um caminho longo e este é somente o primeiro passo. Não vamos delegar a Lula e Alckimin a responsabilidade pela construção de uma sociedade mais justa. Isso nunca deu certo. Nos libertemos uma vez do sebastianismo impregnado pela nossa ascendência lusitana e passemos a nos ver como os donos e donas do nosso tempo, da nossa história. Só assim vamos começar a transformar o braZil em Brasil.

Se a História deve ser escrita por quem vence, vamos nós ser as vencedoras e vencedores. A primeira batalha é derrotar os bolsonaros, para, no segundo momento, destruir o bolsonarismo. E isso só será possível com a tomada das ruas, com a atuação forte nas comunidades, com as ações feitas pelo povo e no meio do povo. O voto certo será consequência desse trabalho. Ou é isso ou cumpriremos o ideal alertado por Chico Buarque e Ruy Guerra e nos tornaremos um grande império colonial. Temos agora um livro com uma página em branco aberta. Cabe a nós o que será escrito nela, se será uma história ou a História.

Imagem de destaque copiada de: https://www.pragmatismopolitico.com.br/2018/09/elas-sim-ele-nao.html. Acesso em 10 de maio 2022.

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Sem Supremo, sem nada

O xadrez é um jogo de tabuleiro antiquissimo, cuja prática, dizem, torna as pessoas mais inteligentes. Mas xadrez também é o nome que a caserna usa para cadeia, inclusive em documentos oficiais. Jair Bolsonaro não tem inteligência suficiente para jogar xadrez, mas tem currículo de sobra para estar no xadrez. Bolsonaro, porém, é muito menor do que o bolsonarismo e quem está por trás do sistema, esses sim dominam a arte da estratégia do jogo político e, sobretudo, de poder.

A bola da vez é Daniel Silveira. Ao mesmo tempo em que é usado como mais uma das tantas cortinas de fumaça para passar a boiada (Ministério da Educação; Queiroz; cloroquina etc.), o deputado marombado é seríssimo candidato a ser arquivado antes das eleições. Notícias divulgadas nas redes nos últimos dias mostram que o homem era (ou é) um gravador ambulante. Respondeu a diversos processos éticos por gravar e divulgar ilegalmente reuniões do antigo partido, PSL, e há quem diga que ele tem gravações de conversas nada republicanas com o próprio Bolsonaro.

Não é de hoje que os bolsonaros mostram total desprezo pelo regime democrático. Antes da eleição do patriarca, o Filho nº 2 já avisou que não precisaria nem de jipe nem de oficial para fechar o STF, já que com apenas um soldado e um cabo faria o serviço. Ao longo dos últimos três anos e pouco, o presidente e sua família, protegidos por sua escolta institucional privada, protagonizaram dezenas de atos e fatos tão ou mais graves do que os que levaram Alexandre Moraes a aplicar a tornozeleira à perna de Daniel Silveira. Por que nunca foram incomodados para além de alguns editoriais do Jornal Nacional e de uma volumosa coleção de manifestos, cartas abertas e notas de repúdio das instituições, além de ameaças, não mais do que ameaças, dos comandantes do circo midiático apelidado de Comissão Parlamentar de Inquérito e do neocomunista ministro do STF?

Bolsonaro dispõe de advocacia de luxo na PGR. Por mais evidências que existam do cometimento de crimes pelo presidente, inclusive de responsabiliadade, que podem resultar em processo de impeachment, Augusto Aras sempre encontra uma maneira de arquivar qualquer investigação. Entretanto, o caso Daniel Silveira extrapola esse escancarado sistema de blindagem. O processo não precisaria ter ido tão longe, já que Silveira é um dos aliados dos bolsonaros e a sua eleição é fruto da defesa instransigente das práticas da família. Seria, portanto, merecedor de uma mediação do Bolsonaro pai para evitar a condenação. Mas é chegado o momento de começar a dar provas claras de poder. A liberação de Daniel Silveira depois da decisão do colegiado foi um claro recado de Bolsonaro ao Supremo. Recado que já foi passado de diversas formas. O perdão, ou graça, como queiram, concedido ao deputado, ao tempo em que acirra os ânimos da militância, que se alimenta do discurso de ódio e entra em êxtase quando o mito parte para o enfrentamento, também enseja a construção de um fantasioso discurso democrático, pois o argumento usado para embasar o decreto é o da defesa da liberdade de expressão. Nada mal para quem, escondido no direito da liberdade de expressão, defende tortura e torturadores abertamente.

O engavetamento das dezenas (mais de cem) pedidos de impeachment, é a prova de que a Câmara Federal está sob controle, assim como o Senado, cuja CPI(zza), que ameaçou prender e arrebentar, não passou de uma grande comédia de sessão da tarde. Os bolsonaros não temem nada e (ou porque) mantêm as instituições e os poderes da república sob a mira das forças armadas. Notícia de ontem, domingo, dá conta da indisposição entre Luís Roberto Barroso, ministro do STF, e o general Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa, em face de declarações de Barroso sobre a campanha difamatória promovida pelas Forças Armadas acerca do processo eleitoral. A história mostra que diante do poderio militar, os poderes constitucionais não fazem nem ameaça de resistência. E, vamos falar a verdade, alguém acredita mesmo que os militares não estão totalmente fechados com Bolsonaro?

Imagem copiada de: https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2020/02/ministros-militares-bolsonaro/. Acesso em 25 de abr. 2022.

O bolsonarismo conta, ainda, com a eterna disputa de vaidades da esquerda. O interminável Ciro Gomes, que é de esquerda, mas começou na Arena, mais uma vez dispara sua metralhadora giratória contra tudo e contra todos; Marcelo Freixo deixa o PSol sob o argumento que setores do partido inviabilizam uma articulação das forças do campo democrático, mas se filia ao PSB, que, a julgar pelas alianças e as plataformas que tem defendido nas últimas eleições, de Socialista leva apenas o nome; a esquerda ortodoxa vai lançar candidaturas inexpressivas, que vão ter alguns segundos de propaganda eleitoral para defender a Revolução; o PCdoB deve ir na carona do PT novamente; e, falando em PT, Lula, que concentra as esperanças de uma grande parcela do povo, em vez de ser o articulador dessa grande frente de resistência, parece mais interessado em recuperar tucanos arrependidos.

Há chances assustadoramente grandes de que em 2023 se consolide de forma definitiva a plataforma nazifascista do bolsonarismo, com o prosseguimento do processo chefiado por Paulo Guedes de entrega do país às elites econômicas, cuja única nacionalidade é o dinheiro, que pode ser dólar, euro ou até criptomoeda, se render bem. Já não é tão absurda a hipótese de que isso se dê pela via democrática do voto, que, em verdade, não é tão democrática quanto parece, visto que passa pela pesada máquina de manipulação e fakenews operada com maestria pelo bolsonarismo e que ainda tem a ajuda das próprias forças do campo democrático, incapazes de superar o narcisismo das suas lideranças. Todavia, há o grande risco de tudo acontecer pela sanha golpista das forças armadas, que nasceu, em termos de república, com a sua fundação. E desta feita o golpe viria mesmo sem Supremo, sem nada…

Imagem de destaque copiada de: https://blogdaboitempo.com.br/2021/08/13/o-governo-militar-de-bolsonaro-e-neoliberal/#prettyPhoto/0/. Acesso em: 25 de abr. 2022.

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Acorda, amor!*

Jair Bolsonaro e Sérgio Moro têm mais coisas em comum do que a compulsão para a mentira e a notada pouca inteligência. Ambos são produtos dos interesses das elites e, justamente pela baixa capacidade de realizar sinapses, foram escolhidos como testas de ferro de projetos escusos. São, em última análise, marionetes de grupos poderosos. Mas os dois têm muita sorte. Quando parece que vão afundar as suas pretensões na autossabotagem involuntária, provocada pela própria estupidez, algum fator externo surge como bote de salvação. Assim foi, por exemplo, com a crise sanitária, que dominou o noticiário por longo tempo. Aqui é preciso dizer que se trata, a bem da verdade, de mais um paradoxo do bolsonarismo, pois ao mesmo tempo em que o morticínio decorrente da necropolítica do (des)governo fez com que a CPI(zza) o declarasse genocida, a pandemia tirou o povo das ruas, o que garantiu a sobrevivência do sistema e da família.

Por seu turno, caso estivéssemos em país minimamente sério e em que as instituições republicanas cumprissem o seu papel e não fossem verdadeiros bunkers que blindam os crimes praticados no poder, Sérgio Moro estaria preso ou, no mínimo, a caminho da cadeia. Que sistema verdadeiramente democrático jogaria panos quentes em um ex-juiz que assume ter comandado, quando no exercício do cargo, uma operação judiciária destinada a acabar com um partido político? Em que país com um sistema judiciário comprometido com os interesses da nação um homem estaria livre depois de ter sido comprovado que se valeu da atuação no cargo para posteriormente atuar, a peso de ouro, na recuperação das empresas que ajudou a quebrar, levando junto a economia do país para o fundo do poço? Este país por certo não é o braZil do bolsonarismo.

Mas, bafejado pela sorte, Moro foi ajudado por um seu correligionário, que tratou de criar um fato capaz de reconstituir a máscara ética do paladino da justiça e da luta anticorrupção. Arthur do Val, deputado estadual e (agora ex) pré-candidato ao governo de São Paulo pelo Podemos, partido pelo qual Sérgio Moro vai pleitear a presidência da república, um playboy que ganhou notoriedade com o sugestivo apelido de Mamãe Falei, e que foi a representação da juventude reacionária (?) que ajudou a eleger Bolsonaro, se encarregou de levantar a bola para que o ex-juiz, ex-ministro e ex-bolsonarista requentasse um discurso enfático de moralidade, dizendo que não aceita as atitudes do colega de partido e que jamais dividiria o palanque com alguém capaz de tamanha atrocidade.


Sérgio é um homem de fé, daqueles que ainda acreditam na humanidade e na premissa de bom caráter das pessoas. Não fosse assim, não fosse por essa quase ingenuidade, ele teria desconfiado muito antes que os bolsonaros não são a boa gente que ele ajudou a botar no poder. Precisou frequentar os gabinetes do planalto por mais de um ano – e ver frustrado o seu plano de ser nomeado ministro vitalício do STF – para ver que Bolsonaro não era o sujeito impoluto e acima de qualquer suspeita que ele imaginou que fosse. Quando descobriu os flertes do presidente e seus filhos com a corrupção, as milícias e o crime organizado, Moro se afastou da família e foi tratar de ganhar a vida honestamente (??) prestando consultoria na área em que atuou por tanto tempo do lado de lá do balcão. Depois, atendendo a um chamado divino (ou talvez da casa dos marinho), não hesitou em rasgar o discurso de que não seria jamais candidato a cargos políticos. Só que, inepto, não honrou a confiança da rede, deu declarações e praticou atos que colocaram em risco o sucesso do plano e fizeram com que a Globo recuasse na investida do seu nome como a “terceira via”. Até que ele, Moro, e os articuladores da sua campanha fossem agraciados pela imbecilidade de Arthur do Val e, como se viu, o autoproclamado comandante da Lava Jato pudesse reassumir a imagem de homem probo e comprometido com os preceitos éticos e morais que devem nortear a conduta de um potencial governante.

E foi assim que a catástrofe verborrágica de um político inexpressivo e de passagem efêmera pelos círculos de poder resolveu o problema da Globo, do Instituto Millenium, da FGV e das instituições organizadas pela elite. Tudo indica que se o próprio Moro não fizer mais nenhuma bobagem, o que é bastante improvável, está restituído ao posto de representante da terceira via e artífice do projeto ultraliberal entreguista que a Globo um dia imaginou que estaria em boas mãos com Jair Bolsonaro, por conta do aval do Chicago Boy, Paulo Guedes, e do próprio Sérgio Moro. Mamãe Falei a um só tempo implodiu a própria trajetória política, reconstituiu o discurso ético e moralista de Sérgio Moro e, de quebra, livrou a Globo e seus asseclas da penosa tarefa de procurar soluções em alternativas inusitadas, como uma parelha de Temer e Leite, que poderia ser a bola da vez.

Enquanto isso tudo acontece e o noticiário da grande rede se dedica em 80% de tempo para cobrir a guerra de Putin, como tem sido chamada, e divide os 20% restantes entre exaltar a recuperação da economia brasileira (em que pesem o desemprego que cresce em proporções geométricas e a inflação galopante) e a miscelânea, talvez seja prudente que Lula deixe de lado momentaneamente o lobby com as elites e os agentes internacionais e se volte para a conversa com o povo, afinal, alheio a tudo isso, o PDT do interminável Ciro Gomes já botou o bloco na rua. Tempos interessantes de articulações políticas pela frente.

*Julinho da Adelaide

Imagem de destaque copiada de: https://pleno.news/brasil/politica-nacional/moro-rompe-com-mamae-falei-apos-audio-sobre-ucranianas.html. Acesso em: 7 de mar. de 2022.

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O messias e o bispo: uma fábula braZileira

Em 20 de setembro é difícil pensar em discutir outro assunto que não seja a esfarrapada farsa farroupilha. Mas o estranho mundo de Bolsonaro não dá trégua. Tem ainda os desdobramentos do sete e principalmente do nove de setembro; tem a bomba de fumaça do momento, promovida pelo Ministério da Saúde; tem tanta coisa. Sobre bombas de fumaça, a propósito, é uma facilidade enorme para este (des)governo produzi-las. Pegue-se como exemplo esta da liberação de vacinas para adolescentes e a posterior desautorização. É o assunto principal da grande mídia – e até da mídia alternativa -, das redes, dos postos de saúde, dos bares. É evidente que se trata de diversionismo puro, mas dada a inépcia de todos os setores do Executivo Federal, há boas razões para quem não acompanha de perto as movimentações políticas achar que se trata de uma esculhambação genuína. Não deixa de ser esculhambação, mas é uma esculhambação programada e apropriada para criar assuntos que se desviem e desviem os olhares do que realmente interessa. Nesse sentido, talvez a frase que melhor defina o governo bolsonaro tenha sido dita pelo ex-ministro do meio ambiente: “Enquanto isso, vamos passando a boiada”.

Por ora, deixo essas manobras diversionistas em espera e os assuntos da data magna do Continente de São Pedro para o Mário Maestri e o Juremir Machado, que têm trabalhos esclarecedores nessa área, e me ocupo de outra farsa, coincidentemente envolvendo arma branca, que, como se sabe, é um fetiche da gauchada.

Na semana passada, a TV 247 lançou o documentário “Bolsonaro e Adélio – Uma facada no coração do Brasil”, dirigido por Joaquim de Carvalho e Max Alvim, que pode, ou melhor, deve ser assistido aqui: https://www.youtube.com/watch?v=vOcBT2js54U&ab_channel=TV247. É um documento jornalístico extraordinário, de valor inestimável para quem quer entender o braZil do bolsonarismo. E todo o povo deveria ter esse interesse.

O filme é longo para as configurações de velocidade e urgência da sociedade moderna, mais de duas horas. Para ajudar, a Cristina Dornelles e eu fizemos uma versão compacta, que, a bem da verdade, continua longa, quase uma hora, mas em função do volume de dados e da maneira como ele foi produzido, indo direto aos pontos importantes, é impossível sintetizar ainda mais. Ao final deste texto coloco uma espécie de índice que fizemos para melhor acompanhamento da versão integral.

O documentário apresenta com uma riqueza de detalhes contundente as provas que tudo foi uma grande armação com vistas a criar um mito. E mitos dificilmente perdem eleições. E assim foi. A história política do Brasil parece estar sempre às voltas com um tipo de sebastianismo tardio, que procura um homem – e aqui a palavra homem não é usada no seu sentido genérico – que se responsabilize por fazer tudo aquilo que cabe, na verdade, ao conjunto das forças sociais realizar. Numa sociedade ideal, o governo é apenas o mediador dos conflitos sociais e o executor das políticas construídas pelas comunidades. Aqui não, estamos sempre transferindo esse papel e delegando poderes. Pelo menos desde Getúlio isso é muito claro, com um hiato a partir de 64, período que reproduz outro tipo de história e, portanto, demanda outro tipo de análise. Mas logo ao fim do regime inaugurado pelo Golpe de Primeiro de Abril, uma velha raposa mineira, presente na cena desde o Estado Novo, trouxe novamente a figura messiânica à ordem do dia. A partir daí vieram o Caçador de Marajás, o pai do Real e Lula, todos com a capacidade de avocar a imagem do salvador da pátria, afinal, governo após governo sempre há uma pátria a ser salva. Dilma também foi outro caso, porque foi eleita na esteira das políticas de bom resultado social dos governos Lula. O patriarcado e as elites aguentaram a duras penas e com farta produção de noticias falsas e distorcidas um mandato de uma presidenta altamente capaz no aspecto técnico, mas com algumas dificuldades no traquejo político. Assim, já na largada do segundo governo estava definido o golpe, com Supremo e tudo, que interrompeu abruptamente a caminhada (menos rápida do que seria ideal, diga-se) rumo a um equilíbrio das esferas sociais.

Esta rápida digressão é necessária para amarrar a corda que liga a retirada violenta e ilegítima de Dilma do governo aos eventos de Juiz de Fora. Neste segundo momento, as forças de resistência haviam conseguido um nível mínimo de rearticulação em cima de um governo absolutamente antipopular de Temer e da farsa (mais uma) da Lava Jato. E a agenda fascista capitaneada por Bolsonaro não estava garantida, porque do outro lado, Ciro Gomes à parte, a Esquerda parecia ter alcançado um bom conjunto, unindo Haddad, que supria o requisitos de cultura e formação acadêmica, além de ter um histórico de boas administrações em São Paulo e no Ministério da Educação, e Manuela, mulher, jovem, mas com uma estrada política respeitável, associada a lutas sociais importantes, como a emancipação feminina e as causas LGBTQIA+. Do outro lado, Bolsonaro tinha o antipetismo e um discurso que agradava às classes médias que se acham altas, principalmente no que diz respeito à segurança e à luta anticorrupção. Mas depois de 3 governos e meio, o risco de consolidação de uma plataforma política voltada para as questões sociais era muito alto e tudo deveria ser feito para romper essa trajetória do país. A possibilidade da eleição se encerrar no primeiro turno era bastante remota, Ciro Gomes à parte. E o risco de Bolsonaro botar tudo a perder em um único debate no segundo turno era muito grande. Por isso, nunca um câncer foi tão celebrado. A necessidade de uma intervenção cirúrgica caiu como uma luva para a articulação da farsa, que contou com a ajudinha de um gênio do mal, Steve Bannon, e sua versão braZileira, Olavo de Carvalho. O que aconteceu a partir daí está explicado, sem economia de detalhes sórdidos, no documentário. O que posso dizer para finalizar por ora é: ASSISTAM!

O índice abaixo tem a intenção de facilitar o acesso aos pontos que consideramos mais claros, mas é importante que o documentário seja assistido integralmente e com muita atenção, preferencialmente mais de uma vez:

00h02m58s – Gustavo Bebbiano fala no programa Roda Viva sobre a ausência do chefe de segurança e a presença de Carlos Bolsonaro no carro de Jair Bolsonaro até Juiz de Fora, e dos alertas sobre os riscos do não uso do colete à prova de balas

00h05m36s – Apresentação de “seguranças voluntários” no local da primeira visita de Bolsonaro, um hospital de combate ao câncer mantido por mulheres, incluído no roteiro para melhorar a imagem dele com o público feminino. Bolsonaro já recebia proteção da Polícia Federal (PF) por ser candidato

00h09m08s – Opção voluntária de não usar colete à prova de balas e uso de camiseta especialmente preparada para o evento

00h10m10s – Imagens do almoço no hotel Trade encontradas no celular de Adélio Bispo

00h12m13s – Ataques ao PSOL e PCdoB já na primeira entrevista coletiva de Bolsonaro

00h13m32s – Culto evangélico em que Bolsonaro recebe benção para proteger de doença no estômago e relato de problemas semelhantes acontecidos anteriormente

00h14m39s – Presença do médico Paulo Gonçalves, da Santa Casa, que atenderia Bolsonaro após a facada, no discurso que ele faz aos apoiadores na sede do hotel. Bolsonaro não fica no hotel para almoçar

00h18m49s – Adélio anda em atitude suspeita, vestindo uma jaqueta preta mesmo com o calor que fazia no dia, atrás do carro onde Bolsonaro discursava, portando um jornal em que supostamente estava enrolada a faca, sem ser importunado pelos seguranças, e Carlos evita o contato com ele. Em entrevista à Leda Nagle, Carlos descreve a cena e diz que Adélio esteve com ele no Clube de Tiro .38, em Florianópolis. Aqui é interessante observar que o documentarista diz que a imagem é rara, então como é que Carlos Bolsonaro a viu e descreveu os fatos na entrevista?

00h22m14s – Pensão em que Adélio se hospedou em Juiz de Fora, cuja dona morreu algum tempo depois do fato. Adélio pagou a estada adiantado e em dinheiro e tinha registrado em seu celular o roteiro de Bolsonaro na cidade, inclusive a visita a uma Fundação que não constava do programa da visita

00h25m16s – Tentativa frustrada de Adélio contra Bolsonaro. Bolsonaro toca a mão de um homem na multidão e este faz uma espécie de contagem regressiva, após o que Adélio investe ostensivamente contra Bolsonaro, em frente aos seguranças, que nada fazem para impedi-lo

00h27m30s – Adélio interage com os seguranças após a tentativa frustrada e logo em seguida há uma troca de sinais entre Bolsonaro e um dos seguranças. Um homem adverte Adélio dizendo para que tenha paciência e dizendo “calma, cara, agora não dá”

00h28m58s – Diretor da Associação Comercial, Guilherme Duarte, retira o presidente da Associação da cena onde ocorreria logo em seguida a suposta facada. Duarte, que organizou o evento juntamente com Marcelo Álvaro Antônio, diz que vai conversar com a reportagem, mas depois recua da decisão e não fala mais.

00h30m26s – Equipe do documentário é ameaçada pela polícia

00h32m18s – Fotógrafo Felipe Couri, que registrava toda a movimentação, foi distraído nos instantes cruciais e não conseguiu tirar as fotos do momento da “facada”

00h34m51s – Em vez de conter Adélio, os seguranças fazem a sua proteção para que não seja linchado pela multidão

00h36m19s – Bolsonaro é levado para uma pastelaria para receber atendimento, mas não estava inconsciente e nem aparentava qualquer tido de sofrimento, de acordo com um funcionário da pastelaria, que ainda diz não ter restado nenhum resquício de sangue no local

00h36m59s – Sem esperar por uma ambulância, Bolsonaro é levado sem o menor cuidado para o carro que o levaria à Santa Casa

00h37m27s – Um segurança da confiança de Bolsonaro faz uma espécie de sinal quando ele é levado para o carro

00h41m01s – Hospital Albert Einstein se recusa a apresentar o prontuário médico à PF; AE atendeu Queiroz, que pagou pelos procedimentos em dinheiro vivo; Antônio Macedo, ONCOLOGISTA que realizou a cirurgia em Bolsonaro, rompeu com o AE e passou a atender no hospital que Bolsonaro frequenta atualmente

00h43m20s – Cicatriz da “facada” aparece em local diferente

00h47m07s – A faca é encontrada por um policial, Renato, e entregue a um vendedor de frutas, que se recusa a falar sobre o assunto

00h50m45s – Entrevista de Renato, segurança que achou a faca

00h55m20s – Momento da suposta facada: Adélio não está em posição possível para introduzir 15cm da faca no corpo de Bolsonaro

00h56m28s – Entrevista com esposa de Marcelo Bormevet, policial que organizou a segurança privada

00h57m25s – Esposa de Hugo, segurança que imobilizou Adélio e posteriormente morreu de infarto, diz que não fala mais

00h58m55s – Participação de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro

01h00m01s – Entrevista com Zanone Manuel de Oliveira Júnior, que foi o primeiro advogado de Adélio e atualmente é seu curador; manobras da defesa de Adélio para favorecer Bolsonaro

01h05m38s – Entrevista com a irmã de Adélio, que sequer sabe se ele está vivo

01h14m21s – Adélio fez curso no clube de tiro .38, mas a porta-voz do clube nega

01h19m08s – Publicação do facebook do clube de tiro .38 no dia da suposta facada

01h19m15s – Promoções dos seguranças de Bolsonaro, apesar das falhas no dia da “facada”

01h21m55s – Bebbiano fala no Roda Viva sobre a influência de Carlos Bolsonaro

01h24m51s – Facebook de Adélio é desativado apesar dele estar preso

01h29m19s – Postagem de Carlos Bolsonaro no facebook sobre atentado contra Donald Trump antes da eleição estadunidense de 2016

01h32m12s – Militância de Adélio na Direita

01h34m21s – Narrativas criadas para ligar Adélio à Esquerda

01h35m04s – Paulo Marinho fala de visita que fez a Bolsonaro no Albert Einstein

01h36m27s – Steve Bannon antecipa que Bolsonaro sofrerá um atentado e Joice Hasselmann diz que o próprio Bolsonaro falou em levar uma facada

01h37m24s – Camiseta usada por Bolsonaro desapareceu

*Imagem de destaque copiada de: <https://brasilagora.net.br/bolsonaro-gargalha-ao-saber-que-kassio-nunes-vai-analisar-pedido-de-impeachment-de-alexandre-de-moraes-veja-video/&gt;. Acesso em: 21 de set. 2021.

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